12.1.12

FILME: AS CORES DAS FLORES

Um carismático curta sobre uma criança cega que enfrenta um grande desafio para conseguir fazer uma tarefa da escola.A beleza do curta está em mostrar que uma resposta que é correta, fria e igual para todos quanto à objetividade, é diferente, porém, equitativamente valiosa quando levada em consideração a experiência, a vivência e "olhar" de cada um. Vale a pena conferir!


11.1.12

Brasil terá centro de treinamento de cães-guia mantido pelo governo


Deficientes visuais de todo o País contarão com um centro de treinadores de cães-guia mantido pelo governo federal a partir do segundo semestre de 2012. O centro começará a ser construído em janeiro pelo Instituto Federal Catarinense, no campus de Camboriú, e deverá treinar cinco profissionais por turma.
A meta é que cada aluno adestre seis cães-guia e os encaminhe aos instrutores. Esses profissionais, responsáveis pela interação entre o animal e o deficiente visual, também deverão ser formados no local.
O projeto começou a surgir há três anos, quando a coordenadora, Márcia Santos Souza, conheceu um professor deficiente visual. "Nas conversas com ele, pensamos em fazer o projeto. Começamos a plantar uma sementinha pequena que foi se modificando. E o governo federal comprou a ideia", contou Márcia, que coordena o Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas, ligado ao Instituto Federal Catarinense. Segundo ela, o objetivo é espalhar centros semelhantes em todas as regiões do País.
De acordo com Márcia, existem outros centros de treinamento no Brasil, que surgiram por meio de iniciativas particulares de organizações não governamentais ou até do Corpo de Bombeiros de determinadas localidades. "É uma experiência piloto, dentro do plano do governo federal para pessoas com deficiência. Será o primeiro centro de treinamento de cães com iniciativa do governo em toda a América do Sul", disse.
Apenas as raças labrador retriever e golden retriver podem ser treinadas para cães-guia. Passados 45 dias do nascimento, os filhotes são encaminhados às famílias que ficam responsáveis pela socialização do cachorro. "Eles são levados para shoppings, parques e até para o trabalho. Fazem parte do dia a dia da família", explicou Márcia.
Após essa fase, os cães são levados para os centros de treinamento. E só ficam aos cuidados dos deficientes visuais depois de dois anos de iniciado o processo. "A parceria entre o cão e o deficiente é como um casamento. E, neste caso, os opostos não se atraem. Tem de ter personalidade e estilo de vida iguais. É preciso juntar com harmonia para que a pessoa caminhe bem", ressaltou a coordenadora do projeto.
As obras de construção do centro começam em 9 de janeiro e devem durar 150 dias. O custo total será de R$ 3,1 milhões.

 

Deficientes querem maior uso do sistema braile no Brasil


No Dia Mundial do Braile, comemorado dia 4 de Janeiro, pessoas com deficiência visual cobram maior uso do sistema de leitura e escrita no Brasil.
Criado pelo francês Louis Braille, nascido em 4 de janeiro de 1809 e que perdeu a visão aos 3 anos, o sistema permite a pessoas com cegueira total ou parcial ler por meio do tato. Com seis pontos em relevo dispostos em duas colunas e três linhas, o sistema proporciona 63 combinações diferentes que representam as letras do alfabeto, os números, símbolos científicos, da música, fonética e informática. Com apenas um toque, o cego percebe os pontos em relevo ao passar os dedos da esquerda para a direita. O sistema braile chegou ao Brasil em 1850. A partir da década de 1940, passou a ser usado em livros.
Apesar de já existir cardápios em restaurantes e embalagens de cosméticos e de remédios em braile, cegos ou pessoas com baixa visão ainda reclamam da dificuldade de encontrar informações adaptadas. “Os mercados não informam nada em braile sobre promoções [de mercadorias]. Não tem nada”, disse a vice-presidente da Associação Brasiliense de Deficientes Visuais (ABDV), Adriana Candeias, que é cega.
“A gente não tem condições de saber o que está comprando, a validade. Algumas empresas já estão implantando, mas ainda falta muito”, acrescentou o diretor administrativo da associação, Paulo Luz, que também tem deficiência visual.
A vice-presidente reforçou que o braile garante independência aos cegos. “A partir do momento em que é oferecido algo em braile, a pessoa com deficiência visual passa a ser independente. Ela sabe que pode ir ao estabelecimento sozinho e vai ter total acesso”, destacou Adriana Candeias.
Os representantes da associação também alertaram para a demora de livros didáticos novos serem transformados para o braile. “Lançam um livro hoje, mas quando o cego vai ter acesso à obra, ela já está ultrapassada”, argumentou Paulo Luz.
As editoras não são obrigadas a publicar em braile todas as obras lançadas. Quando recebe pedidos, o setor, geralmente, recorre a empresas especializadas e instituições não governamentais para fazer a conversão, segundo a coordenadora de Revisão Braile da Fundação Dorina Nowill para Cegos, Regina Fátima de Oliveira
Os livros falados têm sido usados para conseguir textos atualizados com rapidez. Desde 2009, o Ministério da Educação disponibiliza, de graça, um software que converte qualquer texto de computador em sonoro, com narração em português.
Apesar dos benefícios da tecnologia, a coordenadora defende que o livro em braie é primordial nos primeiros anos escolares das crianças cegas. “Para que possa ter domínio da ortografia ou da simbologia da matemática, a criança precisa do livro físico, assim como é com as crianças que enxergam. A gente só lê quando toca”, explicou.
O crescimento da utilização do audiolivro pode estar relacionado ao custo mais baixo em comparação ao de braille. Cada página de um texto comum equivale a até quatro páginas em braile, conforme a especialista.
No Brasil, existem mais de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual, sendo 582 mil cegas e 6 milhões com baixa visão, segundo dados da fundação com base no Censo 2010, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Aposentado com deficiência física constrói o próprio carro, em Fortaleza

 
Portador de doença crônica demorou um ano para montar o veículo. Inventor quer ampliar o carro para transportar toda a família.
O aposentado Vilton Fernandes, portador de uma doença crônica que fez com que amputasse duas pernas e parte do braço, cansou de depender dos outros para se transportar e decidiu construir um carro por conta própria. O homem de 48 anos teve essa ideia em 2008, quando encontrou a carcaça de um veículo no lixão do Bairro Bom Jardim, em Fortaleza. “Sempre fui inquieto e tive a necessidade de algo para me locomover, além da cadeira de rodas”, afirma Fernandes.
O carro de Fernandes demorou um ano para ficar pronto. A estrutura foi montada com a colaboração de mecânicos e pelas mãos dele e da mulher. “Eu mesmo cortei os ferros e fiz o teto com zincos e canos junto com a minha mulher”, explica. O motor é de motocicleta, a direção veio de um Fiat e o parabrisa, da traseira de um fusca. E tudo foi adaptado às necessidades especiais do motorista.
“Consegui muitas doações. Ganhei os bancos do dono de uma loja de estofados”, afirma. Os detalhes incluem um copo fixado em um freio de mão improvisado. Fernandes também preocupou-se com a segurança e providenciou cintos nas cadeiras do condutor e do passageiro, mas o invento não tem marcha a ré. A esposa ou o carona dão um “empurãozinho” para movimentar o carro para trás
“Esse carro são as minhas pernas. Tudo nele foi feito por mim ou a partir da minha orientação”, afirma Fernandes, que mora com as três filhas e a mulher. Diariamente, o pai leva as três filhas, de nove, 11 e 13 anos de idade à escola. Ele abastece mensalmente o motor com 40 litros de gasolina doados pelo dono de um posto de combustíveis.
Sonho
Três anos após ter criado o carro, Fernandes já pensa em construir um novo para transportar toda a família. “Quando terminei de construir era meu carro preferido. Agora, já quero fazer uma reforma para passear com minha família e dar mais conforto à minha mulher, que fica com as pernas dormentes depois que anda nele”, conta.
Doença está controlada, diz médica
A primeira amputação do corpo de Fernandes ocorreu quando ele tinha 22 anos. “Da primeira vez, tiraram o dedão do pé esquerdo”, conta o aposentado. A médica Vânia Rebouças, responsável pelo tratamento de Fernandes, explica que ele é portador da Tromboangeite Obliterante, doença de origem desconhecida que está diretamente ligada ao fumo.
“É uma inflamação progressiva dos vasos e o paciente pode chegar a ter uma inflamação das veias e evoluir para a falta de sangue, levando à morte dos tecidos”, descreve. Com esse quadro clínico, Fernandes teve de passar por 21 cirurgias de amputação. “Antes de amputar, tentamos salvar os membros”, diz Vânia. Hoje, o “inventor” comemora não ter passado por nenhuma cirurgia nos últimos nove anos. “A doença foi controlada quando ele abandonou o vício”, afirma a médica.
Fonte: G1-CE

Dispositivos e aplicativos ajudam o deficiente visual a usar o computador


Engana-se quem pensa que um deficiente visual não pode usar o computador ou mexer em uma tela touchscreen, sensível ao toque. Pelo contrário, a tecnologia facilita a essas pessoas escreverem, lerem livros e até assistirem a filmes. Atualmente, diversos softwares — conhecidos como leitores de tela — transformam em áudio todo o conteúdo escrito na tela.
O professor de retórica Victor Caparica, de 30 anos, que perdeu a visão aos 22 anos em um acidente, faz uso dessas tecnologias. Ele considera o iPhone como uma espécie de “renascença para os cegos”. “A quantidade de acessibilidade que ele trouxe ajudou muito a gente. Para o deficiente visual, existem diversas opções”, conta. A habilidade com o teclado adquirida antes de perder a visão facilitou sua adaptação e, sendo fã de tecnologia, ele rapidamente se acostumou aos leitores de tela e hoje consegue montar slides, estudar, escrever, ler livros, assistir a filmes e, claro, participar das redes sociais.
“Existem diversos aplicativos feitos para os cegos e, hoje em dia, é muito mais fácil para nós usarmos a internet”, explica. Os leitores de tela leem todo o conteúdo escrito na página e os comandos são usados somente pelo teclado, excluindo por definitivo o mouse. Cada voz é diferente e a velocidade é regulável. “Depois que a pessoa se habitua, ela vai entendendo cada vez mais rápido o som e pode ir deixando a voz mais rápida. Uma hora, a gente se irrita e vai aumentando a velocidade para facilitar”, ressalta.
Mesmo na tela touchscreen, Caparica consegue saber onde os ícones estão. “A gente consegue visualizar o ambiente dentro da nossa cabeça e temos noção de espaço. Na internet não é diferente, eu crio um espaço virtual na minha mente e consigo navegar só pelo comando de voz normalmente”, confirma.
Sites sem acessibilidade
Apesar das inovações, ainda existem alguns problemas. Nem todos os sites são facilmente ‘traduzidos’ para o áudio, devido ao grande de número de imagens e também outros plug-ins que não podem ser lidos. Como, por exemplo, a confirmação de identidade, onde o internauta deve digitar os caracteres que aparecem na tela. “Apesar de existir a opção de você ouvir as letras para depois digitar, o sistema não funciona e não é usual, sou obrigado a mudar de site ou pedir ajuda de alguém”, diz Victor Caparica.
Empresa que mais evoluiu foi Apple
Os leitores de tela são compatíveis com diversas plataformas. No caso do Linux, o leitor é o Orca e vem integrado ao sistema. No Windows, existem opções variadas, porém, a maioria delas é paga. Um exemplo de leitor gratuito é o NVDA (NonVisual Desktop Access ou Acesso Não Visual ao Ambiente de Trabalho). A empresa que mais evoluiu na tecnologia assistiva é a Apple, com o sistema VoiceOver integrado, seja nos IOS (celulares, tablets e tocador de música) ou no Mac OS.
Livros, filmes, jogos e redes sociais
Para ler livros, Caparica baixa e-books em extensões .pdf ou .doc, do Word, e o leitor de telas lê o livro. “Eu deito e fico ouvindo sossegado, coloco a voz em uma velocidade rápida e consigo ler de cem a 200 páginas por dia”, explica. E para assistir a filmes, é até mais simples, tanto no notebook quanto no cinema.
“Só pelas falas e o som ambiente, a gente consegue entender o filme, com exceções das cenas de clipes, ou seja, eles tiram o som ambiente e colocam uma música, aí a gente precisa que alguém nos explique ou que tenha a audiolegenda adequada”, explica.
E quando o filme é legendado, apesar de ser fluente em inglês, ele tem a opção de colocar o leitor de telas, que lê as legendas. Caparica é fã do Twitter e usa a versão mobile e também no computador, com o Qwitter Blind Accessibility, que lê os tweets para ele. “Mesmo se eu voltasse a enxergar, eu continuaria usando esse aplicativo, ele é fantástico”, brinca ele.
O Qwitter não cria nenhuma página na tela, então, o internauta pode navegar e simplesmente usar os comandos do teclado para twittar, ler a timeline e até checar as mensagens. “Depois de um tempo, a gente aprende a identificar somente pelo áudio”, completa.