30.4.11

A Dança e as Crianças com Deficiência Física

Artigo retirado do site Conexão Dança



Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) o termo “pessoa portadora de necessidades especiais” surgiu para evitar os efeitos negativos de expressões comumente utilizadas de forma pejorativa no contexto escolar, para referirem-se as pessoas com altas habilidades ou com deficiências cognitivas, físico-motoras, psíquicas e/ ou sensoriais.

Dentre as necessidades especiais, a Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação propõe uma uniformidade terminológica para caracterizar-las, bem como suas dificuldades, capacidades e aptidões. Destacam-se como necessidades especiais: superdotação, deficiência auditiva, deficiência física, deficiência mental, deficiência visual, deficiência múltipla, deficiência motora.

A partir desta uniformidade terminológica da Secretaria de Educação, entende-se por deficiência física a variedade de condições não sensórias que afetam o individuo em termos de mobilidade, de coordenação motora geral ou da fala, como decorrência de lesões neurológicas, neuromusculares e ortopédicas, ou ainda, de más formações congênitas ou adquiridas.

Nas deficiências de ordem motora, as dimensões orgânicas e funcionais podem ser verificadas através das disfunções existentes nas estruturas reguladoras do Sistema Nervoso Central. Essas alterações podem causar diferentes patologias, dentre elas a Paralisia Cerebral. A Paralisia Cerebral pode causar padrões anormais de movimentos, de postura e disfunções tônicas.

Além destes aspectos, as crianças portadoras dessas deficiências em geral são privadas de desenvolver uma relação saudável consigo mesma com a família e a sociedade, que segundo GEISSMANN (2002) dentre outras situações que alimentam sentimentos de culpa e promovem uma elaboração distorcida de sua auto-estima, contribuindo para que ela desenvolva uma imagem negativa de seu corpo.

Partindo deste pensamento, a dança pode vir a contribuir para o desenvolvimento da percepção corporal destas crianças, (FONSECA, 1995) o estudo da percepção do corpo permite a verificação da dificuldade que a criança portadora de deficiência motora tem em desenvolver uma adequada relação com o meio, o que aprofunda as características de dissociação entre o esquema e a imagem corporal dessas crianças.

A percepção do corpo é resultado da realidade que se constrói na mente de cada criança, por meio de representações de objetos envolvendo um trabalho combinado das unidades funcionais do cérebro, especificamente, (LURIA, 1980), a área responsável pela recepção, analise e armazenamento de informações, que compõem a segunda unidade funcional do cérebro, localizada nas regiões posteriores e laterais do neocórtex, sendo consideradas como o grande instrumento perceptivo do ser humano.

A dança, no entanto irá promover, através de estímulos motores, (como brincadeiras) um desenvolvimento no processo de adaptação a realidade, e com isso a criança irá aprender a lidar de forma mais intencional com o seu corpo, situando-o em um contexto que lhe é reconhecível. Pois, quanto mais se amplia à realidade externa da criança, sua imaginação, sonho, fantasia em formas de desafios ou problemas a serem resolvidos, no ato de brincar, mais ela tem necessidade de uma organização interna a fim de utilizar experiências em função das demandas ambientais.

Contudo, é importante criarmos o máximo de oportunidades lúdicas e desafiadoras para facilitar o desenvolvimento motor de crianças portadoras de deficiência, no entanto não basta a brincadeira pela brincadeira, o movimento pelo movimento, o jogo pelo jogo, a situação – problema favorece a aprendizagem motora, pois mobiliza as funções psíquicas da atenção , de captação , de integração multisensorial, processamento intra e extra-somático, elaboração , antecipação, conscientização regulação e verificação da ação (FONSECA, 1995).
Por: Paula Vianna Penso

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