30.4.11

As Pessoas com Deficiência X Dentista.

 O dentista que se propõe a atender pacientes especiais precisa ter conhecimento das características e particularidades desses indivíduos. Para essa finalidade, existem vários cursos, estágios e literatura científica que capacitam o profissional para o tratamento odontológico.
O consultório é basicamente semelhante aos outros, porém, há necessidade de espaço físico adequado (rampa, portas, corredores amplos) e, muitas vezes, instrumentos odontológicos de tamanho reduzido.
Qual a real necessidade do tratamento odontológico em um paciente especial com comprometimento severo?
Todo indivíduo, mesmo aquele mais comprometido, deve ter boas condições bucais para que sejam evitadas complicações na função de mastigação e deglutição, assim como para evitar focos de inflamação e infecção que causam dor e podem afetar outros órgãos e, finalmente, a saúde geral do indivíduo.
A partir de que idade um bebê especial deve ir ao dentista?
Assim como um bebê normal, o bebê especial deve ir ao dentista antes mesmo de ter “nascido” o primeiro dente de leite, para que o profissional institua um programa de prevenção à cárie e a outras doenças bucais.
Que tipos de cuidados caseiros os pais ou responsáveis devem ter para melhorar as condições bucais desses pacientes?
Os cuidados caseiros são essenciais para a prevenção de várias doenças.
O primeiro cuidado básico é referente à higiene, que deve ser efetuada após as refeições. Se for necessário, o paciente pode lançar mão de recursos especiais, como escovas com adaptadores, dedeiras, passa-fio etc.

O segundo cuidado é referente à dieta, que deve ser nutritiva, evitando-se os alimentos ricos em açúcares e os pastosos. Os horários corretos das refeições precisam ser observados. Medicamentos com muito açúcar salvo contra-indicação médica, devem ser dados junto com as refeições.

Como terceiro cuidado básico, ressalta-se o uso do flúor tópico na forma de dentifrícios, que deve ser realizado diariamente, e o uso de soluções fluoretadas na forma de bochechos, que pode ser instituído de acordo com as possibilidades do paciente para sua execução, bem como de acordo com o risco para o desenvolvimento da doença cárie.
A alimentação especial que muitos desses pacientes têm prejudica os dentes?
Em alguns casos, sim. A consistência pastosa dos alimentos dados a pacientes que não conseguem mastigar é um exemplo. Nessas situações, o cuidado com a higiene deve ser redobrado, o que infelizmente não acontece na maioria das vezes.
O “stress” de um tratamento odontológico pode agravar o estado emocional do paciente?
Algumas vezes, sim. É necessário que o dentista coloque para o paciente e familiar o benefício do tratamento odontológico para que ele se sinta “cuidado”. Há aqueles que apresentam menor capacidade de entendimento ou são mais ansiosos; para eles, o tratamento odontológico apresenta-se como um fator estressante. O profissional pode lançar mão de recursos terapêuticos que visem minimizar essa situação desfavorável.
Como conseguir cooperação para o tratamento quando o paciente apresenta comportamento agitado?
Vários métodos podem ser utilizados, desde o condicionamento verbal, passando pela contenção física, até métodos de sedação. Como último recurso é usada a anestesia geral para a execução do tratamento. A opção dependerá da condição em que se apresenta o paciente, do contexto familiar geral e da preferência do profissional.
Os métodos utilizados não podem traumatizar o paciente?
Desde que bem indicados e executados não. O método utilizado deve ser adequado ao paciente de modo a não traumatizá-lo.
Pode ser utilizado “calmante” para o tratamento?
Sim. Os sedativos ou “calmantes” são muito benéficos em várias situações, melhorando o comportamento do paciente e, conseqüentemente, as condições de trabalho do dentista.
Quais os problemas bucais mais comuns nos pacientes especiais?
Os problemas mais comuns são a cárie e a doença periodontal, sendo esta última decorrente de problemas de ordem local, geral ou medicamentosa (anticonvulsivantes). O tipo de patologia que o paciente apresenta, como por exemplo, distúrbio neuropsicomotores pode acarretar sérios problemas de oclusão, decorrentes principalmente da hipotonia muscular (flacidez), levando a alterações na relação maxilomandibular.
O atendimento odontológico pode desencadear convulsões naqueles pacientes que já tiveram crises?
O atendimento odontológico em si não desencadeia convulsões nesses pacientes. Mas o dentista precisa tomar cuidado para evitar certos estímulos que podem desencadear crises como, por exemplo, acender o foco de luz de forma abrupta no rosto do paciente. O dentista que cuida de pacientes especiais sabe como proceder para evitar essas crises. De qualquer forma, é sempre importante lembrar que o paciente não deve interromper sua medicação para o tratamento odontológico.

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